quinta-feira, 4 de março de 2010

The Others

Pois é, o Jorge de Sena não era uma presença confortável. E sim, de acordo, era um homem de excessos. Também de extraordinária delicadeza, de invulgar generosidade para outros escritores e académicos, gostasse deles ou não. Mas era impiedoso para intelectuais fraudulentos, e como, além de tudo o mais, tinha o dom da invectiva, pagou por isso, porque a mediocridade nunca perdoa à grandeza e qualquer pretexto lhe serve para achar que tem razão, como a mediocridade sempre quer ter. Jorge de Sena sabia que por vezes não tinha razão, que muitas vezes é necessário correr-se o risco de não ter razão. Para de vez em quando se poder ter.

Hélder Macedo, Pretextos, in Jornal de Letras, 23 de Setembro de 2009.


Tudo isto para dizer que a literatura portuguesa se divide em quem rapa os tomates e em quem os tem peludos.

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