terça-feira, 30 de março de 2010

Dúvidas existencialistas, mais que existenciais

Não posso definir bem datas, mas há quanto tempo andamos a falar de novos e novíssimos? Será o Bernando Pinto de Almeida ainda um dos novos? Ou para não exagerar tanto, o Luís Quintais? Quando finalmente alguém ganha tomates para escrever qualquer merda de jeito sobre isto tudo?


P.S. - dado eu ser uma personagem de um blog e não uma pessoa real, não vale a pena dizerem:"porque não escreves tu?" já chega de ficção e se calhar passavam vocês, pessoas reais, a falar de coisas a sério.

11 comentários:

  1. Eu não sou uma pessoa real, por isso também não falo.

    Aliás, poucas pessoas reais lêem este blog, pelo que estás com azar.

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  2. Pois é, e ainda bem. quer dizer que têm coisas mais interessantes a fazer. Nem era aqui que se devia falar, isto serve apenas para umas caralhadas. Contudo há sempre um ou outro real que cusca tudo.

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  3. eu sou uma pessoa real, mas infelizmente sou um cobarde e por isso também não digo nada.

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  4. quando não se tem nada para dizer, é realmente melhor ficar calado. o que eu disse aqui não era que todas a gente devia falar disto, muito pelo contrário. mas como todos sabem, fala-se muito sobre o assunto e nada se diz. é esse o ponto. O Cristovão e o Bento Fialho são dos que ainda vão tendo tomates, e reparem nas caixas de comentários cada vez que eles o decidem fazer.

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  5. pois, Kaf, em vez de falar de novos e novíssimos, devia-se falar de poesia. Um bom poema é tão bom escrito este ano como em 1908. Um mau poema é sempre um mau poema.
    Mas em vez disso, tentamos incensar autores, o que é lixado. Dizer que tudo de um certo autor é bom, ou tudo é consoante determinada leitura é quase impossível. Alguns dos meus autores preferidos têm livros excelente e livros de merda. Um gajo tem que ter olhos para isso. Não pode ignorar essas coisas. Pelo menos os gajos que lêem. Os gajos que lêem.

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  6. Caro Cristovão, concordo plenamente. Quem lê o Régio hoje em dia? Ou quem conhece sequer Vicente Aleixandre? Mas isso ainda é o menos, cada um lê o que quer. Tem é de ler. Nos anos 90 eu também achava que o Al Berto era o maior. O que me dá pena é ter a certeza de haver alguns que por aí andam que nunca vão ser lidos como mereciam. E falo de chavalos com 20 e tal anos.

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  7. chego já atrasado, mas queria dizer uma coisa - e peço desculpa pela extensão.

    tudo parece já feito, tudo velho e nada novo, tudo já dito e, contudo, sempre um escritor ou poeta, mesmo já sendo velho ou já editando há anos, pode, de um momento para o outro, ser considerado novo. portanto, a questão, aí, será perceber o que é, o que há de, novo. dizer o que há de novo, parece implicar, desde logo, uma repetição em jogo no que está escrito. a repetição nunca sai fora de jogo na linguagem e na criação literária - o d.quixote de ménard de borges é novo. chegamos às palavras por mimetismo, que nada mais é senão uma repetição, batida uma e outra vez. do sentido ao não-sentido da palavra em primeira mão há a repetição da palavra. e todavia há novidade no imitador, no repetidor. a questão de seguida é o que fazer com isso, com o ganho da repetição, da mimese.

    ezra pound dizia, make it new; ou seja, aquilo que ele procurava e propunha a todos os outros poetas que fileiravam nos seus grupos de "vanguarda", nada mais era senão a recuperação de formas antigas e actualizá-las. dir-se-ia, então, que o novo, a novidade, se encontra no conteúdo do que se diz - embora não goste de separar as duas coisas, forma e conteúdo. por exemplo, o que há de novo em gonçalo m. tavares, tido como a grande voz portuguesa para o séc. xxi? facilmente se traça uma linha genealógica da sua escrita, com kafka, borges, beckett, como pais absolutos; não há invenção de palavras como em joyce e tantos outros; mas é novo na literatura portuguesa? é (quer se goste ou não), mesmo se na sua escrita se descubram os truques, como o uso da ideia pela negativa para provocar o absurdo e a estranheza, na literatura portuguesa é novo - manuel de lima já o tinha feito antes nos anos cinquenta.

    há escritores mortos que são mais novos que os ditos novos de agora; a leitura actualiza a novidade, de certa maneira. marcial é novo (continua a chocar muita gente; e para alguns o choque continua a ser uma característica do novo, digamos, por exemplo, nas artes plásticas, nas performances). o novo também não é necessariamente bom; realmente, cada vez é menos. como, infelizmente também, quer o novo ou a excelência na qualidade são ditados por grupos (talvez sempre assim tenha sido), por lobbies, por escolhas subjectivas, movimentos esses que não escapam na "blogosfera" - basta circular por alguns e quase sempre os mesmos aparecem.

    uma vez mais, peço desculpa pela extensão.

    um abraço

    benjamim machado

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  8. david mourão-ferreira não escrevia nada de novo mas foi inovador. não há ninguém mais moderno a escrever em Portugal do que o António Franco Alexandre. há coisas que se podem destacar, sim. o que eu sinceramente acho é que se procuram as não literárias. para mim um rapaz que queira encontrar a sua própria voz tem imenso mérito. um que escreva igual a tantos outros, por muito bem que o faça, não me seduz tanto. lembro-me de quando apareceu o Jorge de Sousa Braga, por exemplo. ou do primeiro romance do Almeida Faria.

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  9. concordo, mas quem realmente se interessa pelos rapazes e raparigas (que até podem ter mais de trinta anos) que procuram a sua voz, quem os quer ouvir, quem consegue ouvir na sua tentativa o esforço da procura da sua voz, quem lhes dá espaço? que editora arrisca (podes falar da &etc, mas mesmo essa...)? - mesmo que este comentário pareça, no revés, pedir que me ouçam, é e não é essa a minha intenção, ou melhor, não é de todo.

    abraço

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  10. se tiveres algum amigo importante nestas coisas, talvez te oiçam. tenta escrever para alguma revista literária da moda. costuma resultar.

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  11. prefiro não, obrigado. vou continuar no meu caminho.

    até à próxima, então.

    abraço

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